Publisher Theme
Art is not a luxury, but a necessity.

Mangangá é o título do enredo do Império Serrano para o próximo Carnaval

271

Carnavalesco Leandro Vieira busca no recôncavo baiano um herói controverso que é símbolo de identidade nacional e patriotismo
O Império Serrano vai levar para a Marquês de Sapucaí, no próximo Carnaval, o enredo Mangangá, que vai contar a história de vida de Manoel Henrique Pereira, capoeirista baiano conhecido como Besouro Mangangá, célebre através de mitos e lendas dentre as quais as que diziam que lutava com o auxílio dos orixás.

O tema é de autoria do Carnavalesco Leandro Vieira, que abordará aspectos próprios da cultura afro-brasileira no exato instante em que o racismo e o preconceito são pautas contemporâneas e a construção de heróis negros no imaginário coletivo se faz urgente.

– ‘Mangangá’ é lançado no dia sete de setembro em função da data remeter a um certo patriotismo no imaginário coletivo. Vivemos um momento de disputa de narrativa e um capoeirista que lutou contra esse Brasil que ainda hoje tenta impor seus desmandos em nossa estrutura social é símbolo do patriotismo que me interessa. Por isso ele é apresentado como o enredo da Serrinha. Pra mim, Besouro é a extensão de uma linha de enredos muito específica do império. De uma escola íntima com as matrizes africanas, de terreiro, luta, resistência e trabalho – conta Leandro Vieira.

Besouro nasceu em Santo Amaro/Bahia, no ano de 1895, sendo o principal líder da luta contra a permanência do pensamento escravagista nos primeiros anos após a abolição. Para alguns, herói. Para outros, um marginal arruaceiro que fazia da capoeira sua arma contra os desmandos sociais. Não à toa, foi assassinado no arraial de Maracangalha, vindo a falecer em 1924.

Império Serrano divulga também regulamento da disputa de samba-enredo
O Reizinho de Madureira vem se preparando para o próximo Carnaval sem interromper suas atividades. A sinopse disponibilizada hoje, marca também a possibilidade do início do trabalho dos compositores interessados na construção do carnaval futuro do Império Serrano. A diretoria da escola disponibilizou o regulamento do concurso, que se inicia no próximo dia 24 de outubro, com data limite para entrega das obras fixada em 22 do mesmo mês.

“Eu destampei minha panela e soltei meu mangangá”
“Menina toma cuidado quando mangangá chegar”
“Besouro preto, besouro amarelo, faz a macumba do jeito que eu quero”
“Besouro preto, besouro encarnado, joguei a macumba lá no seu reinado”

(PONTO DE JUREMÁ)

1 – O berimbau puxa o toque para um jogo de dentro lento e rasteiro. Jogo mandingueiro. O toque: ANGOLA.
Seu corpo foi fechado com reza, ladainha e patuá. Èsù seu sentinela. No orí, a mão de cada uma das iabás.
Òsányìn deu-lhe a erva na medida. Xangô emprestou-lhe o oxê. Por ordenança de “seu” Arranca Toco,
Caboclo Araúna deu-lhe a flecha que usava como navalha. Ogum, por sua vez, forjou a armadura que
guardava seu corpo. Por isso, Besouro CORDÃO DE OURO, adiava com astucia, o juízo final. Ogum era seu
camará e, se não bastasse, enquanto distribuía rasteiras, golpes de meia-lua e rabo-de-arraia, o
ferramenteiro dos orixás soprava repetidamente em seu ouvido: “Filho de Ogum não pode apanhar / Eu
sou guerreiro / Eu vim guerrear/ Filho de Ogum não pode apanhar / Eu sou guerreiro / Eu vim guerrear”.

2 – O berimbau se agita. O ritmo alardeia que o perigo e a violência estão espreitando. O toque:
CAVALARIA.
Quando perguntavam-lhe por seu mestre, dizia descender de Alípio, cativo do Engenho Pantaleão. Foi
vaqueiro e amansador de burro bravo. Dizem, “o mais valente dos negros do cais de Santo Amaro”.
Valentão. Vingador. Justiceiro. Passada a escravidão, não aceitava chefia. Só trabalhava se fosse por
dinheiro. Não engolia senhor dizer que “quebrou pra São Caetano”. Os desavisados, agarrava pelo
colarinho. Surrava. Golpeava. Do chapéu, retirava-lhes a pena, como quem vingava, inclusive, a dor do
pavão.

3 – O berimbau leva o TOQUE DE IDALINA. Toque para jogo de armas brancas. Guerreia-se contra facões.
Colecionou desafeto entre senhores, jagunços e policiais. Sobre Besouro era comum perguntar: Mas
como por fim com morte matada a um cabra preto de corpo fechado como o de Besouro? Faca de tucun,
revelou um traidor. Foi assim que, após Memeu – filho do fazendeiro Zeca – ter sido desmoralizado em
praça pública pelos golpes do capoeira, uma cilada – nas redondezas de Maracangalha – emboscou o
capoeira. Na tocaia, cercado por quarenta homens, bala nenhuma tirou-lhe uma gota de sangue. Mas um
facão – concebido com a madeira mágica que ergue a palmeira de tucum em direção aos portões de
Aruanda – tombou-lhe. Seu corpo vergou. O rasgo deixou escorrer o misticismo e o mistério de sua própria
vida.

4 – O berimbau puxa o TOQUE AMAZONAS. Toque para saudar a valentia dos mestres. Escuta-se as
platinelas de um pandeiro e o dedilhar de uma viola baiana.
Guardo um ponto de juremá na memória que diz: “meu mano não chore não, que eu vou, e torno a voltar”.
Isso me lembra que a morte cantada, versada e dançada não é morte, nem despedida. Besouro morreu e
sua vida virou ladainha. Morreu, e a vida que levou virou samba de roda. Morreu, e sua valentia virou
cântico de capoeira. Morreu e sua luta vai virar samba-enredo. Besouro morreu, pra viver na festa. Na
alegria dos que vencerão.
“Êta besouro pra voar!” Segue, “sem choro e sem vela”. Canto um samba VALENTE E MIRONGUEIRO e,
atendendo seu pedido, repouso teu corpo entre os enfeites de uma lapinha, com os versos que nunca esqueci:

“Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, palitó almofadinha”
Adeus Bahia, zum-zum-zum”.
Cordão de ouro

Eu vou partir porque mataram meu besouro”
ENREDO: MANGANGÁ

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E TEXTO: LEANDRO VIEIRA

REGULAMENTO DA DISPUTA DE SAMBA-ENREDO

Os compositores inscritos neste concurso deverão seguir as regras descritas deste regulamento,
conforme segue:

  1. Os participantes dos sambas concorrentes deverão fornecer as quantidades
    mínimas de 10 cópias em papel A4 e 2 CDs por samba gravado, no dia 22/10/2020, até as
    22 horas.
  2. Fica liberada aos compositores a divulgação antecipada do samba participante do Concurso Samba
    Enredo para o publico em geral.
  3. O G.R.E.S. IMPÉRIO SERRANO não se responsabiliza por quaisquer despesas que o compositor venha a
    ter relativas a sua participação no concurso Samba enredo.
  4. No dia 24/09/2020 e 08/10/2020, acontecerão as explanações com o Carnavalesco e o Departamento de
    Carnaval na sede da Agremiação, a partir de 19 horas.
  5. A taxa de inscrição será no valor de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), POR COMPOSITOR, no
    momento da entrega dos sambas.
  6. Fica vetado aos compositores participarem da Bateria do G.R.E.S. IMPÉRIO SERRANO durante a
    realização do Concurso Samba Enredo..
  7. Sugerimos a distribuição das letras ao público durante as apresentações.
  8. Será aplicada a pena de exclusão à música, cujo compositor deixar de comparecer na data prevista
    para apresentação. O compositor poderá nomear um representante para defesa de seu samba.
  9. O critério para as eliminatórias ficará sob a responsabilidade do Presidente
    Administrativo do G.R.E.S. IMPÉRIOSERRANO. Será definido até a primeira
    apresentação.
  10. O Departamento de Carnaval reserva-se o direito de promover alteração no samba vencedor, caso seja
    necessário.
  11. Declarado vencedor, o Samba passará a ser propriedade do “G.R.E.S. IMPÉRIO SERRANO”, inclusive os
    direitos de gravação, comercialização, etc.
  12. Deverão entrar em julgamento os seguintes quesitos:
  • Letra, melodia e enredo.
  • Em caso de empate entre duas ou mais composições, a decisão final será do Presidente Administrativo
    da Agremiação.
  1. Serão sumariamente eliminadas aquelas composições que em sua letra atentarem contra os bons
    costumes, a moral vigente, pessoas, poderes e entidades constituídas e as letras que não forem inéditas.
  2. A primeira apresentação dos sambas concorrentes não terá caráter eliminatório e será no dia
    24/10/2020 em local a definir.
  3. A disputa é aberta a qualquer compositor, sendo da escola ou não.
  4. As fases eliminatórias serão a partir da segunda apresentação em data a ser, previamente,
    definida pelo Departamento de Carnaval.
  5. As apresentações dos sambas concorrentes serão transmitidas pelas redes sociais do G.R.E.S. Império
    Serrano.
  6. Não será permitido, em hipótese alguma, a presença de torcida e convidados
    dentro e nos arredores da quadra no período da disputa de samba, salvo se autorizado pelo
    Departamento de Carnaval.
  7. A ordem de apresentação dos compositores no Concurso Samba Enredo obedecerá a um sorteio
    que será realizado com todos os compositores concorrentes, 01(uma) hora antes do início de cada
    apresentação do Concurso Samba Enredo.
  8. A comissão organizadora e os jurados do concurso de samba enredo serão escolhidos pelo
    Presidente Administrativo do G.R.E.S. Império Serrano.
  9. Não será permitida agressão verbal à comissão organizadora ou aos jurados sendo sumariamente
    desclassificado o grupo que assim proceder.
  10. Cada parceria poderá ter o máximo de 6 (seis) compositores, não sendo permitido participação
    especial.
  11. Todos os casos omissos no presente regulamento serão dirimidos pela Comissão Organizadora do
    Concurso Samba Enredo do Carnaval.

A Diretoria do G.R.E.S. Império Serrano deseja boa sorte a todos!

Publicidade:

Patrocinadores Samba Conexão:

Comentários estão fechados.