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Africanidade e preconceito sem fim

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Diante de tantos preconceitos, olhares de pouco caso, perguntas insolentes, oportunidades, eu mesmo Edinho Meirelys resolvi dar continuidade a essa coluna, fazendo inúmeras pesquisas e leituras até achar um conteúdo que nos levasse a refletir nas adversas situações que passamos.

Espero que gostem das matérias e que cada um que ler possam seguir o instagram do portal Samba Conexão News:

As culturas negro-africanas têm uma história vasta e rica. Embora tenham traços comuns, o que nos permite ter um selo próprio, são plurais e diversas. Recriaram-se na diáspora que teve a sua principal origem no processo de escravatura – que ocorreu em alguns continentes, nomeadamente no americano e que teve continuidade através dos processos migratórios que se seguiram.



Apesar da sua situação desfavorável nas relações de poder, perante as quais foram rebaixados até ao último grau da escala social sendo considerados apenas mercadoria de trabalho, os negros foram penetrando com os seus traços identitários em todos os aspectos da vida social das sociedades receptoras. Trata-se de se registar não só a sua presença no mundo atual, mas também o valor da mesma.

Para isso, é necessário fazer primeiro uma abordagem adequada. Até há pouco tempo a África negra e os seus modelos culturais e até o potencial dos seus povos foi objeto de uma grande história de distorção. Embora possa contar hoje com a situação mais favorável das ciências sociais que se encontram atrás do debate epistemológico e metodológico do último século e que procuram modelos mais adequados para os seus objetos, serão necessárias algumas alterações para que estas possam captar a sua singularidade.

São vastas as áreas da América Latina, como o caso do Brasil e das Caraíbas, que têm uma elevada população negra. Noutras existem em determinadas zonas uma notória população mestiça, denominada por raiz terceira.

A população africana encontra-se também visivelmente presente nos países europeus, quer seja pelo percurso da história, pelo processo de escravatura, quer seja pela integração do mundo árabe – como no caso de Espanha – como por meio das migrações relativamente recentes. A presença física negra é também importante nos países asiáticos no que respeita a componente histórica da população, isto é fácil de se constatar na Índia, na Oceania e no Médio Oriente.

A presença cultural africana é igualmente inoculta não só pela sua arte, cujo realce é maior, mas também em todos os aspectos da vida. Embora os povos da África negra tenham sido dilacerados e estagnados no seu florescimento pelos processos de colonização, divididos e colocados em confronto entre si, mesmo depois dos movimentos de libertação e independência, até o ponto de não poderem ainda hoje realizar uma organização sócio-política e econômica favorável às suas populações; podemos considerá-los no seu continuum histórico (1).

Consegue-se registar e dimensionar os traços típicos das suas culturas e a sua capacidade de participação ativa no atual processo de mundialização, não como mera sobrevivência dos traços culturais, mas como fator intrínseco na construção das sociedades.

Matéria: Jornalista Edinho Meirelys

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